Ontem de manhã, em Lisboa, enquanto num hotel os accionistas do Grupo Navigator decidiam premiar-se com 150 milhões de euros de dividendos, na rua fizeram-se ouvir os protestos dos trabalhadores, exigindo abertura do normal processo de negociação dos cadernos reivindicativos.
25.5.2024
Os resultados líquidos dos últimos dois anos, que superaram 660 milhões de euros, foram os melhores de sempre do grupo, mas os aumentos salariais foram os mais baixos de sempre: 0,9 por cento, em 2022, com um mínimo de 15 euros; aumento zero, em 2023, sem negociação e com a ilusão de aumentos reais.
Esta denúncia da grande injustiça na distribuição da riqueza criada consta na Resolução aprovada durante a concentração, frente ao Hotel Ritz, e marcou também muitas das intervenções de trabalhadores e dirigentes das estruturas representativas (Fiequimetal, SITE Sul, SITE Centro-Norte e Comissões de Trabalhadores).
Também o secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, condenou o contraste entre as remunerações milionárias dos accionistas e dos administradores e, por outro lado, os salários dos trabalhadores, apertados com o aumento do custo de vida, especialmente as rendas de casa e as prestações dos empréstimos da habitação.
Apesar de a administração, com uma estratégia engenhosa, ter criado a ilusão de que houve aumentos salariais reais, a verdade é que não está reposto o poder de compra perdido nos anos anteriores. Como se refere na Resolução, apresentar promoções e progressões como um substituto de aumentos salariais justos, não passa de uma manobra de diversão e uma falta de respeito para com quem deu um contributo decisivo para os bons resultados do Grupo Navigator.
Outras perdas
Além disso, benefícios sociais, como o subsídio de doença, o seguro de saúde e os apoios escolares tiveram alterações prejudiciais para os trabalhadores.
Houve diminuição dos valores na grelha do prémio anual, foram alterados para pior os regulamentos dos prémios (anual e trimestral) e foi reduzido o subsídio de turno.
Na Resolução indica-se ainda: a adulteração da tabela por escalões, sem aprovação dos trabalhadores; os incrementos salariais através de progressões/promoções; a estagnação da base de indexação da Navigator Company; a inflexibilidade demonstrada para alterar o Plano de Carreiras; a perpetuação de trabalhadores desenquadrados na sua classificação profissional.
O documento foi entregue, por uma delegação, nos escritórios do Grupo Navigator. Caso a administração não aceite retomar as negociações, a Fiequimetal e os sindicatos irão analisar com os trabalhadores as formas de desenvolvimento da luta.
Ver também
— Resolução aprovada e entregue à administração
— «Trabalhadores da Navigator pedem aumentos salariais em frente ao hotel onde decorre a assembleia geral da empresa», Lusa no Expresso, 24.5.2024
— Greve dia 24 na Navigator com concentração em Lisboa (21.5.2024)










Documento da CGTP-IN
