É legítimo relacionar a viagem paga pela Galp a membros do Governo com o conflito laboral que a empresa mantém com os seus trabalhadores, afirma a Fiequimetal, num comunicado em distribuição na Petrogal (Grupo Galp Energia), lembrando que, para além da Administração Fiscal e de «personalidades» não reveladas, também aparece envolvido naquele caso o Ministério que tutela o grupo onde predominam Américo Amorim e os seus interesses.
11.8.2016
A federação coloca o enfoque na necessidade de denunciar, do ponto de vista ético, político e social, as consequências que decorrem da subordinação dos governos ao poder económico, designadamente quanto às relações de promiscuidade que podem degenerar no agravamento das injustiças, das desigualdades e da brutalidade contra os trabalhadores.
Para a Fiequimetal, se é legítimo relacionar a viagem a um jogo do Europeu de futebol, paga pela Galp ao secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com o conflito de interesses que a empresa tem com o Fisco, não é menos legítimo relacionar com o conflito laboral, que a empresa tem com os seus trabalhadores, as viagens que foram pagas, também pela Galp, a outros dois secretários de Estado para assistirem ao mesmo evento – estando neste caso envolvido o Ministério que tutela a Petrogal/Galp, pois trata-se dos secretários de Estado da Indústria e da Internacionalização.
A este respeito, importa lembrar que, depois de ter sido proibida, por mais de uma dezena de tribunais, de restringir o pleno exercício do direito à greve, a Petrogal/Galp acabou por obter tudo o que os tribunais recusaram, por via de despachos antigreve emanados, precisamente, do Ministério da Indústria e, também, do Ministério do Trabalho.
Por outro lado, a federação não ignora as pressões que têm sido feitas para que o Governo actue no sentido de servir os interesses da Petrogal/Galp, quanto ao ataque à contratação colectiva e aos direitos que nela estão consagrados. A «argumentação» construída pela DGERT (Ministério do Trabalho) para «fundamentar» a caducidade da contratação colectiva mostra tanto de capacidade inventiva, quanto de falta de rigor, de isenção e de análise histórico-jurídica deste processo.
Intensificar a luta
A Fiequimetal considera fundamental denunciar estes factos e, sobretudo, compreender que a luta dos trabalhadores é o elemento decisivo para construir uma sociedade verdadeiramente democrática e civilizada, em que os seus direitos sejam respeitados e garantidos.
Rejeitando as historietas dos «códigos de conduta», recorda-se no comunicado que a administração da Galp Energia tem desde há muito tempo um «código de ética». No entanto, a história da Galp Energia é uma história de sucessivos atropelos à legalidade, desde o processo da sua entrega ao capital privado até aos dias de hoje.
Se há governantes dispostos a fazer fretes aos ricos é por saberem que, para obterem os favores da riqueza, é preciso primeiro servi-la. Ou, dito em linguagem mais corrente, «não há almoços grátis».
Neste caso, em concreto, a gravidade dos factos e da situação que foi criada exige que sejam retomadas acções junto das instâncias do Governo, da Presidência da República e da Assembleia da República, entre outras. E exige, por outro lado, o reforço da unidade entre os trabalhadores e o prosseguimento da luta em defesa do direito de negociação e de contratação colectiva, dos direitos laborais e das conquistas sociais, nomeadamente os regimes de saúde e de reforma.
Ver também:
- Comunicado «As Galpadas continuam»
- Levadas ao ministro as diatribes da Petrogal (29.7.2016)
- Petrogal sem razão e autoridades sem acção (1.7.2016)
- Terrorismo laboral na Petrogal (documento distribuído à população na marginal de Leça da Palmeira, a 22 de Julho, por activistas e dirigentes do SITE Norte)
Mediabox CK message : No files found in the directory : 20160722Petrogal



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